Os agentic payments já são uma realidade no ecossistema de pagamentos. São pagamentos autônomos e inteligentes, realizados sem intervenção humana direta e com apoio da inteligência artificial. E prometem transformar a forma como as pessoas interagem com o dinheiro e os comércios.
A chegada dos pagamentos agênticos se alinha a uma demanda já evidente no mercado: os usuários querem que as experiências financeiras sejam cada vez mais automáticas, instantâneas e seguras. Já não se trata apenas de pagar sem contato, mas de não precisar pensar em pagar. Assim, tecnologias como a tokenização, a inteligência artificial e as carteiras digitais tornam possível um cenário em que as compras se executam sozinhas.
Agentic Payments: o que são e como funcionam?
Os agentic payments, ou pagamentos agênticos, são realizados por agentes inteligentes, como assistentes virtuais, aplicativos ou dispositivos, sem a intervenção ativa do usuário em cada transação. Ou seja, ocorre automaticamente, mas seguindo regras pré-definidas por ele.
Essa inovação representa uma evolução lógica do ecossistema financeiro. À medida que mais dispositivos ganham inteligência, mais tarefas cotidianas são automatizadas, incluindo o ato de pagar.
Por trás da simplicidade de um pagamento agêntico existe um mecanismo tecnológico que combina interfaces conversacionais, tokenização e gateways de pagamento. Veja as principais etapas:
- Interação do usuário: tudo começa com uma instrução direta em uma interface conversacional (por exemplo, um assistente de IA como ChatGPT, Copilot ou Claude). O usuário nunca sai dessa interface: pode pedir que o agente encontre um serviço, defina um orçamento e execute a compra.
- Gateways de pagamento: o agente se conecta ao gateway por meio de APIs e protocolos seguros (como MCP). É aqui que ocorre a “tradução” entre a instrução e a transação real.
- Empresa ou serviço fornecedor: a transação chega ao comércio ou serviço escolhido. Para o negócio, não há diferença em relação a uma compra digital tradicional: o pagamento é recebido normalmente.
- Informações do usuário: os dados sensíveis, como informações de cartão, ficam tokenizados e armazenados de forma segura. Assim, o cartão permanece carregado e pronto para futuras compras, sem expor dados reais.
👉 O essencial: os agentes interagem diretamente com gateways e terceiros graças a APIs padronizadas. Assim, um assistente virtual pode buscar, escolher e pagar por serviços sem que o usuário precise sair da conversa ou digitar os dados novamente.

Casos de uso dos agentic payments
Existem vários exemplos que mostram como os pagamentos agênticos simplificam a vida:
- E-commerce preditivo: um marketplace detecta que um cliente compra ração todo mês. O agente programa a compra antecipadamente, garantindo estoque e melhor preço.
- Remessas familiares: um usuário nos EUA configura um agente para converter USD em MXN e enviar dinheiro à família no México todo mês, buscando a melhor taxa.
- Créditos pessoais: um app de empréstimos programa os agentes para cobrar parcelas automaticamente na data limite, notificando o cliente com 24h de antecedência.
- Transporte público: a recarga da carteira digital é feita automaticamente sempre que o saldo cai abaixo de um valor definido.
- Assinaturas SaaS para PMEs: uma empresa configura seu agente financeiro para pagar licenças de software dentro de um orçamento mensal. Se o preço subir, o agente avalia alternativas.
- Serviços básicos: um banco digital no México integra agentic payments para pagar automaticamente luz, água e internet. O cliente só recebe a confirmação: “Sua fatura de internet de $600 MXN foi paga com sucesso.”
Essas experiências oferecem comodidade e ainda reforçam a bancarização e fidelização, especialmente em mercados onde pagamentos ainda são feitos em dinheiro ou em agências físicas.
Por sua vez, a Mastercard já anunciou novas ferramentas para habilitar agentic payments. Com o “Mastercard Commerce Intelligence” e parcerias estratégicas, a empresa busca criar experiências automatizadas, seguras e sem fricção: “Os consumidores já não querem apenas pagamentos sem contato, querem pagamentos sem etapas.”
Por que são relevantes para fintechs e emissores?
Na Pomelo, vemos esse avanço como uma oportunidade para que emissores, bancos e fintechs ofereçam experiências mais fluidas, adaptadas ao estilo de vida digital dos usuários.
Além disso, é uma inovação que acelera a adoção da inteligência artificial e da tokenização, fortalecendo a segurança dos pagamentos digitais.
- Tokenização segura: armazena dados de cartão e autoriza pagamentos automáticos sem expor informações. Também habilita pagamentos NFC.
- Autorizador inteligente: aprova ou rejeita pagamentos em tempo real, seguindo regras definidas pelo usuário.
- Compatibilidade com wallets: integrar cartões ao Apple Pay ou Google Pay é a base para que dispositivos atuem como compradores.
- Arquitetura aberta (API-first): facilita a integração de novos agentes (apps, assistentes, IoT) ao ecossistema de pagamentos.
Desafios e oportunidades
Como em toda inovação, há aspectos regulatórios e tecnológicos a considerar. Entre eles:
- Escalabilidade: maior autonomia gera mais transações em menos tempo, exigindo monitoramento robusto.
- Proteção de dados: agentes lidam com grandes volumes de informações pessoais e financeiras, exigindo cibersegurança avançada.
- Autenticação e consentimento: as transações não são iniciadas por humanos; é preciso definir claramente como o usuário dá ou revoga consentimento.
Conclusão
O futuro dos pagamentos é invisível, automático e seguro.
Na Pomelo, acreditamos que por trás de cada experiência simples existe uma infraestrutura poderosa, flexível e pronta para escalar em toda a região.
