O mundo dos meios de pagamento já conta com as mais variadas opções, desde as mais tradicionais e antigas até as completamente digitais – e ele vai ficando cada vez mais dinâmico. Ainda assim, um verdadeiro queridinho impera em meio a todas as opções mundo afora: os cartões de crédito

Só no Brasil, os cartões de crédito respondem por mais da metade das despesas de consumo das famílias do país. Em 2021, foram R$ 1,6 trilhão em transações. Segundo um estudo do BoaCompra do PagSeguro, o cartão de crédito é o meio de pagamento mais utilizado na América Latina, representando 46% das compras realizadas no continente no ano passado. 

Graças a soluções tecnológicas e financeiras como as de embedded finance, a tendência é que este meio se torne ainda mais popular e acessível a pessoas e empresas, já que possibilita que cada vez mais negócios ofereçam seus próprios cartões cheios de vantagens, com seus próprios diferenciais e voltados para diferentes públicos.

Nesse cenário, entender como funciona o modelo de negócios se torna fundamental É o que a gente vai mostrar nesse artigo, mostrando a importância de diferentes componentes envolvidos no processo – como a tarifa de intercâmbio.

Um breve contexto

Além de serem interessantes para o consumidor final como um meio de pagamento extra, os cartões de crédito também são um poderoso motor de rentabilidade para as empresas que os oferecem. E por que? Por causa das comissões e taxas envolvidas em cada transação, que garantem que cada um dos envolvidos receba sua própria parte. 

Vamos conhecer as partes envolvidas nesse modelo, o processo desde a emissão do cartão até a conclusão do pagamento e o que cada parte envolvida leva consigo. 

Como funciona o modelo de negócios dos cartões de crédito?

Partindo do básico: o cartão de crédito tem como grande diferencial o fato de que permite ao consumidor final adiar o pagamento das compras. Mesmo que a pessoa – ou empresa, no caso dos cartões de crédito corporativos – não tenha dinheiro para fazer uma transação em um momento, ela pode comprar usando um limite de crédito, definido pelo banco ou instituição que oferece o cartão.

Existe todo um fluxo que existe desde a emissão do cartão até o pagamento, com diferentes partes que formam as “redes de cartões”. São elas:

  • O titular do cartão, que usa o cartão para fazer transações em um determinado negócio/comércio; 
  • Os comerciantes, sejam eles físicos ou digitais;
  • As adquirentes (ou credenciadoras), que credenciam lojas e outros negócios para fazerem vendas no crédito. O maior exemplo delas são as famosas “maquininhas”. Nas compras online, são as empresas de gateways que cumprem esse papel para dar mais segurança;
  • As bandeiras, que fornecem as conexões e a infraestrutura por trás dos cartões e liquidam os pagamentos;
  • O banco emissor, responsável por todo o relacionamento com a bandeira e com o titular do cartão e quem estabelece limites de crédito;
  • As processadoras (normalmente o próprio banco emissor): elas são responsáveis pelo processamento dos pagamentos, verificando se há saldo disponível na conta do cartão usado em uma compra, identificando potenciais fraudes e autorizando o processo para as bandeiras e consequentemente para o estabelecimento onde a transação foi feita. 

Entenda o fluxo dos pagamentos usando o cartão de crédito

Pode parecer que tudo é uma simples transação entre a pessoa que paga com o cartão e o comerciante que recebe com sua maquininha ou sistema de pagamentos. Mas por trás de tudo isso, os adquirentes, bandeiras e bancos emissores colaboram para criar um sistema organizado e com segurança para processar cada transação. Veja só na imagem o fluxo de uma transação com o cartão de crédito:

Quais cobranças acontecem no uso de cartões de crédito?

Quando falamos do modelo de negócios dos cartões de crédito, é bem importante levar em consideração que as anuidades que muitos cartões cobram são só um pedaço das receitas que o emissor e/ou o processador têm. Afinal, em um sistema tão interligado, cada parte presta um serviço diferente com sua própria infraestrutura. É por isso, inclusive, que muitos bancos e fintechs já oferecem cartões sem a cobrança de anuidade

São várias as tarifas relacionadas ao uso de cartão de crédito que podem ser cobradas (tanto dos clientes quanto de outros participantes). No mercado brasileiro, algumas delas são: 

  • Taxas de juros, pagas ao fazer compras parceladas;
  • Rotativo: aquele crédito especial, a taxas mais altas, que é oferecido ao cliente quando ele não faz o pagamento total da fatura do cartão até o vencimento (por exemplo: pagar só o famoso “valor mínimo da fatura” aciona o rotativo);
  • Multas a consumidores por atraso no pagamento, incluindo multa de mora;
  • Anuidades (quando o banco emissor cobra de seus clientes);
  • Comissões pagas pelo estabelecimento comercial à adquirente – valor que pode variar bastante de acordo com negociações entre as partes e com o quanto os cartões são usados nas maquininhas (ou no sistema online de pagamentos) do estabelecimento;
  • Taxas administrativas pagas à bandeira (por processar a autorização dos pagamentos) e ao banco emissor – que administra o cartão de seus clientes e se responsabiliza pelo pagamento e pelos limites de seus clientes. Dentre as taxas…
  • A tarifa de intercâmbio, também conhecida como taxa de intercâmbio, ou interchange fee no mercado internacional, que é uma das mais importantes fontes de receita para o emissor do cartão. 

O que é taxa de intercâmbio?

A tarifa de intercâmbio (ou taxa de intercâmbio) merece uma explicação à parte: ela é o que muitas vezes motiva empresas e fintechs a emitir seu próprio cartão – neste caso, seja de crédito ou de débito.

Basicamente, ela consiste na tarifa paga pelo comerciante/lojista para o banco emissor do cartão a cada venda feita com o cartão. O motivo pelo qual a gente foca nela é porque se trata de uma das principais receitas que todo emissor tem em cada compra, seja ele um banco ou uma outra instituição financeira. 

Para entender o que é a taxa de intercâmbio, um exemplo: a cada pagamento feito por um cliente usando um cartão, o emissor do cartão deduz essa tarifa automaticamente do valor total da transação. Ou seja, em uma transação de R$ 100 e considerando que a tarifa de intercâmbio é, por exemplo, de 1,5%, o banco emissor recebe R$ 1,50 dessa compra. Outras tarifas, que são pagas às bandeiras e às adquirentes, também vão descontar um pouquinho mais do valor final que o comerciante recebe pela transação. 

Claro que, quanto maiores as taxas que você conseguir sendo emissor, mais essa fatia aumenta. Multiplicando pelo número de vendas, já pensou o quanto isso pode render à sua empresa se ela tiver seus próprios serviços financeiros e atuar como um banco emissor? 

Quem define a tarifa de intercâmbio?

São as bandeiras (por exemplo Visa e Mastercard) que estabelecem as tarifas de intercâmbio. Mas elas variam ainda de acordo com vários outros fatores: 

  • A modalidade do cartão – enquanto no Brasil não existe um teto para as tarifas de cartão de crédito, o débito tem um teto de 0,8% nas tarifas. O Banco Central também avalia impor um teto para as tarifas de cartões pré-pagos, que hoje em média são de 1% no mercado.
  • O cartão usado na compra, seja ele individual ou corporativo (as taxas para os corporativos costumam ser mais altas);
  • O volume de negócios do comércio que está fazendo as vendas no crédito (fez mais transações, paga menos taxa!). Tudo isso já está previsto nas tabelas definidas pelas bandeiras; 
  • Compras online também trazem maiores taxas que as feitas em pontos físicos.

E vale esclarecer ainda: as tarifas variam também de país para país, dependendo da regulação de cada país. No Brasil e nos Estados Unidos, por exemplo, essa tarifa não tem um teto para compras feitas no crédito. Enquanto isso, no mercado comum da União Europeia ela pode ser de até 0,3%. 

Como – e por que – emitir seus próprios cartões de crédito pode ajudar a impulsionar seu negócio

Quando a gente pensa no uso de cartões de crédito dentro do ecossistema financeiro de empresas, o que não falta são possibilidades de fazer negócios bons para as empresas e seus clientes. Só aqui no Brasil a maioria da população tem três ou mais cartões de crédito, e impressionantes 81,6% já os utilizavam em 2018 para fazer compras a prazo. Ainda assim, uma parcela ainda grande da população é desatendida pelo sistema bancário. Por isso, o que não faltam são grandes oportunidades para produtos de crédito de entidades financeiras não tradicionais e de, graças às soluções disponíveis hoje no mercado, empresas dos mais diferentes setores e indústrias.

Implementar os cartões como uma solução financeira própria traz vantagens e possibilidades como:

  • A rápida adoção por praticamente qualquer usuário, já que o modelo de compras a prazo é super estabelecido;
  • Ser mais competitivo ao deixar de cobrar anuidade dos clientes, compensando com as receitas da tarifa de intercâmbio e apostando em programas de vantagens próprios;
  • Poder fidelizar com ações como programas de milhagens, cashback e outras comodidades para clientes.

Apesar de ser possível lançar o seu (e também outros serviços financeiros) em pouquíssimo tempo, esse é um movimento que pede muito planejamento, análise e estudos. 

O importante é que, se antigamente a ideia de emitir seus próprios cartões poderia parecer impossível, hoje já é possível se organizar e fazê-lo em questão de semanas com o apoio de novas soluções financeiras que crescem mundo afora.

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  • Noelia Di Pietro

    Jornalista e especialista em Comunicação nascida em Buenos Aires. Chegou ao time de Marketing da Pomelo após escrever para meios de comunicação, agências e empresas do mundo da tecnologia da informação, experiências nas quais aprendeu a decifrar todo tipo de informação mais tech sobre software e blockchain. É cinéfila e ama música e conhecer nuevos lugares. E, acima de tudo, é uma cat lover.

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