A edição de 2023 do Global Innovation Report, produzido pela empresa de tecnologia e inovação financeira FIS, mostra que algumas tendências do mercado fintech vêm atraindo bastante a atenção dos executivos brasileiros e globais. E, dentre algumas inovações tecnológicas que mais despertam o interesse dos grandes players no setor financeiro, sobrou destaque para as soluções de embedded finance e de finanças descentralizadas (DeFi).

O que diz o relatório

Feito a partir de entrevistas com dois mil executivos sênior de nove países, o relatório divulgado em fevereiro mostra como o mercado está de olho em algumas novidades que vêm ganhando cada vez mais espaço nos últimos anos. Além do Brasil, também fizeram parte deste levantamento representantes empresariais em Estados Unidos, Alemanha, Canadá, Reino Unido, Austrália, Singapura, Hong Kong e Índia.

No Brasil, foram 160 executivos entrevistados que apontaram algumas tendências tecnológicas como sendo de se prestar atenção. O motivo é simples: elas têm potencial de trazer a seus negócios perspectivas de crescimento, fortalecimento de suas marcas e relacionamentos – ou ainda afetam seus negócios no curto prazo positivamente ou negativamente (no caso de, por exemplo, aumento da competitividade). 

Segundo o relatório, mais de três quartos dos executivos brasileiros deram destaque a três tecnologias que, em suas visões, afetarão seus negócios nos próximos 12 meses e nos próximos três anos. São elas:

  • Embedded finance;
  • Finanças descentralizadas (DeFi);
  • Metaverso; 
  • E as criptomoedas.

Vamos dar uma olhada nos que eles dizem sobre cada uma delas.

Embedded finance: investimento em massa vindo aí?

Falando exclusivamente de finanças, as soluções de embedded finance foram certamente o maior destaque do Global Innovation Report. A incorporação de serviços financeiros por empresas não necessariamente vindas do setor de finanças é algo que atrai os executivos brasileiros: 75% deles disseram que suas empresas vão investir na área de embedded finance dentro dos próximos 12 meses.

E, considerando um horizonte de três anos, um total de 88% dos executivos brasileiros indicou que vê o potencial de efeitos concretos em seus negócios graças a esta tendência.

Esses números mostram como o embedded finance traz oportunidades ao inserir novas unidades de negócios nas empresas, segundo o relatório: “A empresa pode agregar produtos financeiros que ajudam a alavancar a venda dos produtos ‘core’ e ainda possibilitam novas fontes de receita”, disse Anderson Lucas, vice-presidente de Negócios da FIS para a América Latina, citado pelo Valor Econômico.

DeFi: caminhando para cortar os intermediários

A tendência das finanças descentralizadas não passou despercebida dos executivos ouvidos. Só entre os brasileiros, 90% veem impacto do DeFi dentro de três anos. E a perspectiva é positiva: no total, 93% dos entrevistados acreditam que este segmento representa uma “grande oportunidade de crescimento” para suas empresas.

Um número ainda maior de entrevistados reforça o potencial financeiro que trazem a descentralização financeira e as soluções que não dependem de intermediários centrais, como a blockchain: 95% apontaram que, “para se manter competitiva, sua empresa precisará fornecer todos os serviços financeiros em uma experiência de ponta a ponta”.

Ainda assim, vale ter atenção aos possíveis riscos. Como destacou a revista Exame, o relatório refletiu a preocupação com ameaças de cibersegurança envolvidas: 53% dos entrevistados afirmaram que as estruturas de gerenciamento de risco atuais em suas empresas “não são compatíveis ainda com a maioria dos ativos digitais e protocolos DeFi existentes”.

Atenção a crypto e metaverso

A economia digital já é uma realidade amplamente explorada hoje em dia. E o relatório evidenciou isso. Entre os executivos ouvidos, 87% citaram o metaverso como tendo potencial de influenciar seus negócios dentro de três anos. E 84% indicaram a potencial influência das criptomoedas neste período.

O metaverso, que um dia parecia pura ficção científica, já aparece como plano de negócios: 83% dos entrevistados apontaram que é estratégico ter uma presença no metaverso dentro dos próximos três anos, e 92% disseram estar pesquisando ativamente explorar oportunidades na área. Os motivos apontados para isso? 

  • Ganho de reputação, 
  • estímulo à inovação, 
  • novos clientes 
  • e aumento de receitas e de competitividade.

Assim como a tendência DeFi, as já bastante conhecidas criptomoedas despertam interesse, mas os riscos associados ainda freiam investimentos maiores. Segundo a pesquisa, boa parte dos executivos tem preocupações com estrutura regulatória e volatilidade das cryptos: 43% possuem preocupações com segurança cibernética, e 30%, com a volatilidade delas.

Ainda assim, o potencial das criptomoedas e de outros criptoativos é analisado pela FIS como cada vez maior no Brasil, principalmente porque sua regulamentação no Brasil trouxe mais segurança jurídica ao setor. Segundo Lucas, o novo marco regulatório ajuda que mais brasileiros “possam aderir e alavancar e massificar esse processo de adoção de criptomoedas”.

O cenário completo

O Global Innovation Report aponta que as inovações que vimos neste post vêm se desenvolvendo de forma “muito rápida” e que as companhias que fizeram as escolhas certas em relação a sua adoção “poderão sair na frente”. Por outro lado, as menções aos riscos de segurança e solidez destes novos mercados despertam preocupação. 

De modo geral, apontou o executivo da FIS citado pela Exame, vai ser fundamental acompanhar a evolução do arcabouço regulatório no Brasil para dar mais segurança aos negócios que quiserem surfar estas ondas.

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Autor

  • Breno Salvador

    Jornalista e mestre em Relações Internacionais, foi repórter, redator, produtor e pesquisador antes de se juntar ao nosso time de Marketing. Curioso e brincalhão, diz que é uma esponja: aonde vai, gosta de absorver de tudo, aprendendo e vivenciando o que cada lugar tem de único. Adora música, livros, cozinhar, futebol e tênis.

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