Uma das principais disrupções da última década no setor financeiro foram as criptomoedas. Junto às primeiras exchanges dedicadas a sua compra e venda, o número de transações desses ativos cresceu exponencialmente, motivado por ser uma nova forma de poupar ou investir. Entre julho de 2021 e junho de 2022, na América Latina, foram realizadas transações de mais de USD 562 bilhões em criptomoedas, de acordo com a Chainanalysis. Os dados representam um aumento de 40% em relação ao período anterior!

No entanto, chegou-se a um ponto em que a conexão com moedas fiduciárias (aquelas emitidas por governos e bancos centrais) era inevitável e necessária. Caso contrário, como os usuários que querem fazer pagamentos ou compras usariam as criptomoedas no cotidiano? Foi aí que chegaram os cartões cripto, uma inovação – e uma grande oportunidade de negócios – trazida pelas fintechs.

E se existe um terreno para explorar as possibilidades de negócios que o boom das criptomoedas traz, este lugar é a América Latina. As instabilidades econômicas e políticas, somadas à baixa inclusão financeira, fizeram com que a adoção das criptomoedas crescesse a todo vapor em relação aos países mais desenvolvidos. Só como exemplo: de acordo com um relatório da Latitud, em 2022, 21% dos nossos vizinhos argentinos já ​​possuíam ou usavam criptoativos, enquanto nos Estados Unidos o número era de apenas 10%.

Sem dúvida, a aliança entre as criptomoedas e o mundo dos cartões é um win-win para o continente: juntos, eles reúnem poupança, investimentos e serviços bancários. Vamos saber mais sobre as grandes oportunidades que esta ferramenta oferece!

Como nasceram os cartões cripto (e por que são tão importantes)?

Uma das principais barreiras que as criptomoedas apresentavam era a baixa – ou até nula – aceitação delas para operar dentro da infraestrutura existente e tradicional de pagamentos e transferências. E embora há tempos existam exchanges onde é possível trocar dinheiro fiduciário por criptomoedas, a realidade é que, na maioria dos casos, elas eram operadas apenas dentro da blockchain – completamente fora das redes bancárias e de pagamento. Esta lacuna significou uma grande oportunidade de negócios para as fintechs.

O cenário desde então vem mudando, e muito disso se deve às fintechs que apresentam ideias inovadoras para integrar a tecnologia, as finanças e as novas moedas digitais. A primeira e mais intuitiva solução para essa barreira veio dos cartões. Como a gente sabe, eles são uma ferramenta massiva de pagamento, capaz de integrar as criptomoedas à economia tradicional, física e virtual, dando aos usuários a liberdade de utilizá-las nos mais variados âmbitos.

Mas não é só isso. Várias fintechs passaram a oferecer serviços onde que unem o melhor dos dois mundos:

  • por um lado, acesso à blockchain para comprar, vender e transferir criptomoedas por meio de uma wallet (carteira);
  • e, por outro, um cartão pré-pago ou de crédito franqueado que permite transações no mundo cotidiano, por meio de BIN Sponsorship e das redes tradicionais de adquirência e de processamento.

Quais são os casos de uso mais frequentes na indústria fintech para os cartões cripto?

As formas de lançamento de cartões cripto variam de acordo com o país e a ideia de negócio executada. Ainda assim, existem alguns modelos que se consolidaram na nossa região e que são um exemplo claro de quais são as tendências atuais:

Cartão cripto financiado com moeda fiduciária e/ou criptomoedas

Neste modelo, o usuário tem uma carteira digital onde pode ter moeda fiduciária ou em criptos como Bitcoin, Ethereum ou USDT e escolher qual usar para fazer uma compra. O cartão pré-pago da Ripio é um ótimo exemplo deste modelo versátil, já que o usuário pode pagar qualquer consumo com seu cartão usando seu saldo em moeda fiduciária ou convertendo as criptomoedas de sua carteira.

Um cartão colateralizado (garantido) por um criptoativo

Aqui, o usuário possui um cartão de crédito onde os consumos que ele faz são respaldados por um criptoativo (por exemplo, NFTs ou moedas como Bitcoin), colocados previamente à disposição do emissor deste cartão como garantia. É o que chamamos de colateral. Geralmente, o usuário pode consumir até uma porcentagem do dinheiro equivalente ao criptoativo entregue. Ao final do mês, o usuário deve pagar seu consumo em moeda fiduciária – e, caso não o faça, o consumo será pago mediante a liquidação do criptoativo colateral.

Um cartão financiado com ativos físicos tokenizados

Neste modelo, um usuário que possui ativos físicos de valor decide tokenizá-los (convertê-los digitalmente) dentro da rede blockchain e obter um token digital por um valor equivalente ao preço de seu ativo físico. Desta forma, este token pode ser usado para pagar seu consumo por meio do cartão cripto. Uma pioneira neste modelo é a Agrotoken, a primeira infraestrutura de tokenização de produção agrícola na Argentina e no Brasil – que permite a seus usuários agricultores que convertam a produção de seus grãos em criptoativos, podendo assim utilizar o saldo convertido em qualquer negócio com seus cartões powered by Pomelo.

Por onde começar ao oferecer cartões cripto aos meus clientes?

Como a gente viu no bloco anterior, existem exemplos bem diferentes de cartões cripto, mas que têm alguns aspectos em comum para estar à altura da inovação proposta. Por um lado, a sua solução tem que estar bem ajustada para fazer a conexão com o ecossistema cripto e as diferentes blockchains relacionadas à sua proposta de valor. Esta conexão é independente das redes bancárias, e você terá que gerenciá-la separadamente.

Por outro lado, lançar um cartão requer algumas questões essenciais, como ter um BIN de uma das principais bandeiras (Visa e Mastercard). Se você está apenas começando, este processo provavelmente será tedioso e bem longo – mas hoje em dia você pode ter acesso a um BIN ao trabalhar com empresas que já têm relacionamento com as marcas e que podem te fornecê-lo sob o modelo de BIN Sponsorship.

Além disso, também é importante que você considere como emitir seus cartões, pois eles podem ser virtuais ou físicos. E, para isso, você terá que considerar pontos como o design que eles terão, se serão nominais ou não e outros elementos como sua fabricação e distribuição. Por fim, você precisará se conectar a redes de processamento de pagamentos para autorizar ou rejeitar transações feitas por seus usuários, além de lidar com a reconciliação com as bandeiras para pagar por essas transações.

Estes são alguns exemplos de como as criptomoedas e cartões são perfeitamente integráveis, pensados para fornecer as melhores soluções para os usuários. Certamente veremos no futuro novos modelos inovadores de cartões cripto que vão manter e melhorar as premissas de flexibilidade, escalabilidade e velocidade!

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