Com facilidade cada vez maior de se desenvolver cartões próprios no Brasil (sejam eles de crédito, débito ou pré-pagos), empresas em todo país vêm apostando nessa forma de pagamento como uma nova unidade de negócio para diversificar os serviços que oferecem e aumentar suas receitas. E como esse modelo de negócios difere de acordo com os objetivos e necessidades de cada empresa, é bem importante saber escolher o tipo de cartão mais adequado para seu negócio

Neste post, a gente vai te mostrar as vantagens de lançar seus próprios cartões e quais tipos melhor se adequam a diferentes indústrias – como fintechs, varejo, benefícios, agro e cripto. Além disso, nós te contamos como começar a se planejar para estruturar seu negócio neste setor. Vem com a gente!

Por que lançar um cartão próprio no meu negócio?

Meio de pagamento eletrônico mais utilizado no mundo, os cartões são uma forma prática e versátil de permitir que qualquer pessoa faça compras sem precisar usar dinheiro em espécie ou depender de transferências. Em um país como o Brasil, cujo acesso da população a serviços bancários é historicamente baixo, os cartões levaram tempo para conquistar seu espaço, mas hoje concentram a maior fatia do mercado de meios de pagamento, movimentando mais de R$ 2,6 trilhões em transações anualmente. Somente o sistema Pix é um concorrente à altura deles.

Desde a década passada, com a explosão dos chamados neobancos e das fintechs, surgiram cada vez mais opções de cartões oportunos para os clientes: sem anuidade, sem necessidade de fidelização, com mais facilidade de acesso a programas de benefícios… Não é à toa que o Banco Central constatou que as fintechs quadruplicaram sua participação no mercado de cartões de crédito do país de 2019 a 2022: o mercado não para de crescer e se diversificar em termos de competitividade – e com muito espaço ainda para a chegada de novas soluções!

Como seu negócio atual pode lucrar ao oferecer cartões

Hoje, graças aos modelos inovadores de banking as a service e de embedded finance que estão disponíveis no mercado, qualquer empresa pode oferecer serviços financeiros – entre eles, cartões de crédito, débito ou pré-pagos, e até mesmo contas digitais – sem precisar se tornar um banco propriamente dito. E quem tem um negócio próprio possui várias formas de lucrar ao oferecer cartões: 

  • Taxas como a tarifa de intercâmbio (interchange fee) a cada transação por ser emissor do cartão; 
  • Comissões pelo serviço;
  • Juros e refinanciamentos, no caso dos cartões de crédito;
  • Oferecer novos produtos lucrativos a partir deles (como programas de fidelidade, cashback e outros adicionais);
  • Vantagens competitivas, seja fortalecendo a marca ou conhecendo melhor os hábitos de consumo dos clientes para oferecer novos serviços a partir da experiência com os cartões.

Aliás, vale conferir com a gente ainda quais fontes de receita os variados serviços financeiros podem oferecer às empresas.

Que tipo de cartão é melhor para o meu negócio?

Diferentes tipos de negócio podem se beneficiar de diferentes tipos de cartões. No geral, a escolha de muitos players que ingressam neste tipo de serviço costuma ser pelos cartões pré-pagos, que só funcionam com o saldo que é carregado neles. É o caso de setores como os de benefícios corporativos. Já indústrias como o agronegócio apostam em modelos de negócios baseados nos cartões de crédito, que permitem maior flexibilidade no pagamento das faturas, de acordo com os ciclos econômicos específicos do setor. 

Vem ver alguns dos casos que separamos a partir de diferentes indústrias!

Benefícios

O setor de benefícios, entre eles corporativos, tem nos cartões pré-pagos a opção ideal para suas necessidades. Afinal, com eles, a empresa ou organização que os oferece a seus funcionários deposita os valores necessários de seus benefícios e pronto: o saldo já está liberado para usar. É o caso de, por exemplo:

  • Empresas que queiram oferecer seus próprios vales-refeição ou vales-alimentação, inclusive aproveitando modelos de arranjo aberto, facilitados pelas recentes mudanças no Programa de Alimentação do Trabalhador, (o PAT). Um modelo bem desenvolvido permite ao portador do cartão ter vantagens e mais flexibilidade no uso de seu saldo.
  • Governos municipais e estaduais que contratam parceiros de infraestrutura fintech para emitir seus cartões de transporte e subsídios sociais.

E vale ainda conferir outros usos e finalidades que os pré-pagos podem ter

Cartões corporativos

Dá para planejar lançar cartões não somente para clientes e consumidores, mas ainda internamente na sua empresa! Dependendo do modelo de gestão de despesas que ela adote, oferecer cartões corporativos pode acontecer usando diferentes tipos:

  • Cartão de crédito: como um cartão de crédito normal, cuja gestão de despesas e pagamento são feitos pela empresa no fechamento da fatura. É uma opção bastante útil para gastos potencialmente imprevistos, como em viagens de colaboradores ou na contratação de serviços de assinaturas;
  • Cartão de débito: debitando diretamente de uma conta da empresa, em tempo real, os gastos feitos pelos colaboradores ou pelo time responsável por aquisições;
  • Cartão pré-pago: seus gastos se limitam aos valores que são liberados nele pela empresa. Bom para fazer compras de bens com valor já licitado e aprovado, como equipamentos.

Redes varejistas e serviços

Oferecer os próprios cartões não é nenhuma novidade para o varejo. Quem nunca ouviu falar no famoso cartão de loja? Um exemplo clássico são as redes de grandes varejistas, que oferecem cartões de crédito com bandeira, normalmente acompanhados de vantagens e condições especiais para quem consome em seus negócios.

Outro exemplo são os vales-presente (gift cards) de lojas, que funcionam com saldo pré-carregado e para isso usam um modelo pré-pago. Eles são habitualmente conhecidos como private label, sendo um cartão de uso exclusivo para comprar produtos ou serviços nos estabelecimentos.

Mas vários outros negócios podem se beneficiar de oferecer tipos de cartão diferentes, tenham eles arranjos abertos ou fechados. Entre eles, podemos pensar em supermercados, postos de gasolina, concessionárias de veículos, entre outros. Vale destacar: depende do modelo de negócios e dos objetivos por trás do lançamento destes cartões – eles podem ser desenhados de acordo com cada um!

Agronegócio e produtores rurais

O caso dos cartões agro é bem específico: os usos deste modelo são projetados especificamente para o crédito. Isso porque o agronegócio tem necessidades financeiras específicas por conta do ciclo da cadeia agropecuária, que exige crédito flexível a qualquer momento do ano. 

Em geral, a flutuação do preço do mercado de bens como a produção agrícola e o gado faz com que muitos produtores agropecuários, para poder custear seus investimentos e passivos, dependam da venda de suas commodities a valores que, muitas vezes, estão longe do valor ideal. Ou, outras vezes, simplesmente demoram a receber por suas safras e precisam de capital de giro – que vem justamente de soluções de crédito mais flexíveis, como prazos maiores de pagamento da fatura.

Um case muito oportuno é o da startup argentina Agrotoken, que opera no Brasil com cartões powered by Pomelo. A Agrotoken inovou ao unir o conceito dos cartões agro à tokenização de safras de ativos agrícolas (grãos), convertidos em ativos digitais negociáveis em sua plataforma. Com acesso mais fácil ao crédito por seu uso do modelo de tokenização, produtores podem financiar compras diretamente usando seus cartões de crédito.

Negócios cripto

Os cartões cripto são o grande case de uso das finanças descentralizadas na economia real. Já pensou na praticidade que é usar diretamente o saldo em criptomoedas e criptoativos de uma wallet para pagar compras do dia a dia, sem se preocupar com fazer a conversão instantânea para reais? 

Pois é, vários negócios do setor cripto já fazem isso graças a parceiros de banking as a service que são emissores de cartão. Por exemplo, o modelo usado pelo cartão Bitybank oferece um cartão de crédito que conta ainda com a possibilidade de financiar em tempo real compras convertendo o saldo em bitcoin e outras criptos. Ou seja: dá para pagar desde um café até assinaturas de serviços no cartão gastando instantaneamente uma fraçãozinha de uma cripto. Além disso, seu negócio ainda pode oferecer cartões que usam modelos de débito ou pré-pago e com conversão instantânea do saldo em cripto.

Fintechs e neobancos

Um dos setores mais quentes dentre as startups do Brasil, as fintechs (como os famosos neobancos, que só conquistam mais e mais confiança no mercado) oferecem soluções financeiras disponíveis sempre na palma da mão. Sejam elas contas digitais, soluções de crédito, investimentos, remessas e transferências, compra de moeda estrangeira, entre outras. E é claro que os cartões são parte essencial de seu negócio!

Neste setor, qualquer um dos tipos de cartões tem seu valor. Vamos pensar em alguns exemplos de casos de uso neste mercado:

  • Um neobanco especializado em contas digitais pode se beneficiar ao usar crédito, débito ou pré-pago, de acordo com sua proposta de valor. No geral, os pré-pagos são considerados uma “porta de entrada”, porque não têm riscos creditícios e só podem ser usados com o saldo que foi previamente carregado;
  • Fintechs e empresas que oferecem serviços de lending, como empréstimos e crédito, têm nos cartões de crédito o meio de pagamento ideal para complementar seus produtos;
  • Outros tipos de fintechs (por exemplo, especializadas em remessas, investimentos ou cartões-moeda), servem como alternativa para quem não quer ou não consegue ter uma conta a mais em um banco tradicional. Para isso, cartões de débito e pré-pagos são um aliado para fidelizar e dar inclusão financeira aos clientes sem riscos de crédito.

Percentuais de população bancarizada em diferentes países latino-americanos

E como estruturar um negócio com cartões no Brasil? Por onde começo a me planejar?

Independentemente do tipo de cartão escolhido para levar seu negócio a outro patamar, alguns passos podem ajudar a estruturar a sua empreitada com produtos de cartões. Por isso, aqui vão sete dicas:

  1. Estruturar um plano de negócios com cuidado. O modelo Canvas de negócios é um bom ponto de partida. Além disso, é crucial estudar bastante temas como licenças necessárias para oferecer serviços financeiros. Afinal, aqui não dá para ser aventureiro sem estar bem informado sobre como se oferece seus próprios produtos;
  2. Pensar no formato é essencial! Ao estruturar sua operação com cartões, a escolha deve passar por pensar pelo planejamento de o que é mais conveniente a nível de marca, design, se você planeja ter cartões físicos e/ou virtuais, se eles são nominais ou não
  3. Encurtar a quantidade de intermediários no processo ao adotar um parceiro de infraestrutura tecnológica. Principalmente quem tenha uma boa solução de processamento de transações dos cartões que você vai emitir, além de contar com um modelo baseado em APIs, que permitem automatizar e muito seu processo de integração, além de agilizar o lançamento;
  4. Em caso de dificuldades ou obstáculos no planejamento original, considerar alternativas em potencial ao uso que você está pensando. Por exemplo, muitos emissores que buscam oferecer pré-pagos têm optado pelo modelo de crédito pré-pago, que oferece melhores condições de tarifa de intercâmbio desde a limitação do valor máximo desta taxa pelo Banco Central.
  5. Usar o apoio de BIN Sponsorship para acelerar o lançamento dos cartões graças às licenças do parceiro emissor com as principais bandeiras do mercado. Isso não só encurta para até semanas o lançamento do cartão, como dá muito mais possibilidades de uso por seus clientes finais ao fazê-lo ser aceito Brasil e mundo afora;
  6. Estruturar operações cuidadosas de compliance financeiro. Elas são indispensáveis para evitar riscos de incorrer em falhas que possam levar a multas e a processos (como negligência a processos de combate a crimes de lavagem de dinheiro);
  7. Oferecer a tokenização de seus cartões para permitir pagamentos por NFC: hoje em dia, ter o cartão de forma segura no celular já é fácil e simples. Adotar este extra vai fazer bastante diferença para a experiência dos seus usuários e clientes!

Desde o planejamento à fabricação dos cartões, não custa relembrar: vale sempre se cercar de equipes e parceiros que entendam as necessidades do seu negócio, e que assim você saiba o tipo certo de cartão que pretende oferecer aos seus clientes. Com isso, você vai estar pronto para otimizar seus negócios e receitas sem sofrer com aquelas dores de cabeça por falta de organização!

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Autor

  • Breno Salvador

    Jornalista e mestre em Relações Internacionais, foi repórter, redator, produtor e pesquisador antes de se juntar ao nosso time de Marketing. Curioso e brincalhão, diz que é uma esponja: aonde vai, gosta de absorver de tudo, aprendendo e vivenciando o que cada lugar tem de único. Adora música, livros, cozinhar, futebol e tênis.

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